A NetEase, Inc., uma das maiores empresas de internet e jogos eletrônicos do mundo, que conta em seu portfólio com títulos de grande sucesso como Knives Out (com 5 a 10 milhões de jogadores ativos mensalmente), Identity V (3 a 6 milhões de jogadores ativos mensalmente) e Dead by Daylight Mobile (2 a 5 milhões de jogadores ativos mensalmente), está enfrentando um dos maiores escândalos corporativos de sua história, envolvendo lavagem de dinheiro e corrupção.
O escândalo veio à tona após uma operação realizada por autoridades em Hangzhou, uma cidade localizada na costa leste da China e um dos centros financeiros e tecnológicos do país. A ação, que resultou na prisão de vários executivos da NetEase, incluiu o gerente geral de operações de marketing, Xiang Liang, e o chefe de publicação, Jin Yuchen. Ambos foram acusados de participação em um contrato fraudulento avaliado em cerca de 2 bilhões de yuans (aproximadamente US$ 280 milhões). Desse montante, entre 800 milhões e 1 bilhão de yuans são suspeitos de terem sido movimentados em transações fraudulentas.
A investigação começou após uma denúncia interna e foi conduzida de forma estratégica, contando inclusive com o apoio do próprio departamento de anticorrupção da NetEase. O departamento de marketing, que anteriormente funcionava em Guangzhou (uma importante metrópole no sul da China), foi temporariamente transferido para Hangzhou, onde a polícia aguardava para realizar a detenção de Xiang Liang, Jin Yuchen e outros funcionários assim que chegassem para uma reunião semanal.
A área de atuação dos envolvidos era a aquisição de tráfego, essencial para promover os principais jogos da NetEase e expandir sua base de usuários. Após as detenções, perfis internos dos funcionários investigados foram removidos dos sistemas da empresa. Embora alguns dos detidos tenham sido liberados, Xiang Liang e Jin Yuchen não responderam aos contatos da imprensa, e as autoridades de Hangzhou seguem com a investigação.
Esse caso levanta questões sobre a governança e controle financeiro da NetEase e sobre o impacto potencial nos produtos de jogos da empresa, que têm uma enorme presença na China e globalmente. Com a possibilidade de sanções e restrições adicionais, a NetEase poderá enfrentar não só impactos financeiros, mas também operacionais, afetando seus projetos e sua imagem perante os jogadores e o mercado.
Embora o escândalo da NetEase seja um dos mais recentes, os crimes de colarinho branco não são algo incomum na indústria de jogos. O caso da NetEase se junta a outros incidentes que evidenciam a vulnerabilidade do setor a práticas fraudulentas. Um exemplo notável ocorreu no ano passado, quando Yuji Naka, co-criador de Sonic the Hedgehog, foi condenado a uma pena de prisão suspensa e ordenado a pagar mais de US$ 1,1 milhão após admitir envolvimento em um esquema de insider trading. O caso de Naka, que estava relacionado a transações de ações não divulgadas durante o desenvolvimento de jogos da SEGA, destaca uma realidade de que mesmo figuras influentes e respeitadas na indústria podem se envolver em crimes financeiros.
Assim como Naka, os executivos da NetEase envolvidos no escândalo estão sendo investigados por manipulação de contratos e movimentação de grandes somas de dinheiro de forma fraudulenta. O aumento da vigilância sobre esses crimes reflete uma crescente preocupação com a integridade financeira das grandes empresas de tecnologia e jogos, que estão cada vez mais no centro de questões regulatórias e legais, principalmente em mercados globais como o da China. O impacto desses casos pode ir além das implicações legais, afetando a confiança dos jogadores, parceiros comerciais e investidores em relação a essas grandes corporações.
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